A arara-azul
Restrita à caatinga baiana, na ecorregião do Raso da Catarina, mais precisamente nos municípios de Canudos, Euclides da Cunha, Jeremoabo, Monte Santo, Santa Brígida, Paulo Afonso, Sento Sé e Campo Formoso, a Arara-azul-de-lear é uma das aves brasileiras menos conhecidas e mais ameaçadas de extinção. As ameaças à espécie vão desde a captura e comércio ilegal dessas aves até à intensa perda de habitat, ocasionados pela derrubada da mata nativa por atividades agropecuárias de subsistência, principalmente a criação de caprinos e o cultivo de milho.
Com a chegada das chuvas no final do ano, inicia-se a época reprodutiva. Os casais se separam do resto do bando e fazem seus ninhos em cavidades, nos íngremes paredões de arenito, onde os poucos casais reprodutores criam seus filhotes, numa média de dois por período reprodutivo. Existem dois sítios de nidificação e dormitório, um em Canudos, na região conhecida como Toca Velha, uma RPPN de propriedade da Fundação Biodiversitas e em Jeremoabo, ao sul da Estação Ecológica do Raso da Catarina, unidade de conservação federal administrado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).As áreas de alimentação são determinadas por concentrações de palmeiras licuri (Syagrus coronata) em meio a árvores mais altas, isso se dá pelo fato de que o bando de Araras-azul-de-lear fica pousado em uma árvore alta enquanto indivíduos (sentinelas) partem para uma vistoria no local de alimentação e só depois o bando todo vai ao local para uma última conferência, e aí sim podem descer às áreas e desfrutar dos cocos de licuri nas árvores ou caídos no solo, o principal item na alimentação dessas araras. Além do licuri, utilizam também os frutos de pinhão, umbu e mucumã. Por vezes foram avistados bandos de araras forrageando em plantações de milho, o que acarreta conflito com agricultores, resultando em abate de aves nessas regiões. Em contrapartida, as criações de cabras na região ameaçam a recomposição natural da vegetação, pois as cabras usualmente devoram as mudas nativas.
É conhecida cientificamente há 150 anos, mas seu território de ocupação foi descrito há apenas 30 anos.